19 janeiro, 2015

Estantes e Instantes.

Meu quarto.
não possui nem um quarto de mim.
Uma cama que mal cabe meu próprio sono.

Ingressos para shows perdíveis.

Uma persiana transparente.

Livros bons.
Best Sellers.
Três malditos livros de Dan Brown.

Dicionários.
Em inglês.

Imãs de segurar retratos.
Bolas de futebol e garrafas de coca-cola
São seus formatos.
Crucificados logo acima de um porta-lápis com Frida Kahlo.

Uma pequena escultura de Ganesha abraçada 
por um terço.
Ao lado de uma pedra, talvez um quartzo. Enclausurados.
por um quarto.

Dois CD's.
(Ambos, presentes)

Um enorme cartaz de Pulp Fiction

Um copo transparente de doses.
Estampado com I Coração NY.

Fotografias sem qualquer nexo às minhas melhores lembranças.
São muitos os meus esquecidos rostos que me observam, no momento.

Minha foto anual para o álbum de fotografias da turma 401.
A primeira refeição de minha irmã mais nova.
A primeira ida ao estádio do meu time.
Um abraço sufocante em minha mãe, em meu primeiro sofá.
Uma fotografia de cabine de uma festa de 15 anos.
Amigos que já não tenho mais afeto algum.

E as paredes e teto.
Cinzas.

Meu quarto é um cinzeiro.
Se mostra objeto sem valor, inútil quando não é utilizado.
É armazém de cinzas ou memórias
De uma vida nem mal, nem bem vivida.
De uma vida tragada.

Tantas estantes
Tantos instantes
Pertencentes ao restante.
















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